"Outra vez a utilizar um caderno como diário, e a côr cinzenta não foi escolhida por acaso.
O contraste entre o dia de ontem e o de hoje só é comparável ao abismo que se abriu dentro de mim entre um e outro. No fundo, o meu estado de espírito é fruto somente de uma discussão adiada, que o foi vezes sem conta, demasiadas para o que os assuntos do coração podem suportar. E, no fundo, embora saiba que há sempre a tendência para a reconciliação, dolorosa e silenciosa para mim, quero resistir a esse consolo fácil, a esse abraço resignado, quero manter-me firme e resoluta, na minha certeza de que saltar por cima dos problemas não serve.
O meu objectivo nunca foi a separação. O meu objectivo sempre foi, e continua a ser, o de simplificar e clarificar os atritos, porque, de que serve pegar no fio mais adiante, se mais tarde ou mais cedo teremos de voltar atrás e, ainda mais embaraçado que antes, aí estará ele à nossa espera, o nó que quisémos evitar. O meu objectivo é desfazer os nós. Mas se fôr impossível, que nisto de desfazer nós a dois é mesmo assim que tem que ser, a dois, a única maneira de avançar é cortando o fio.
Por acreditar que é possível e que está nas mãos de todos nós. Porque enquanto não acreditarmos, nunca vai acontecer. Porque partilhar experiências é partilhar conhecimentos. Porque partilhar as alegrias transmite alegria, e partilhar as desventuras... bem, alivía quem se queixa. E também pode transmitir esperança. Aqui fala-se de tudo o que me diz respeito, pelo menos um pouco. De coisas de pais, de filhos, de autismo, de lições de vida, de lições da escola.
4 comentários:
Sé por experiencia que lo que yo llamo "el simulacro de la catástrofe" ayuda a que la catástrofe no se produzca. Es decir, a veces, ponerse en lo peor, imaginarse tomando decisiones drásticas, reproducir mentalmente mil conversaciones en las que decimos adiós... Todo eso, al final, ayuda a no hacerlo en "la realidad". Es una simulación estrictamente mental, que nos calma y nos apacigua, que sustituye en cierto modo a la cosa real, que nos haría mucho daño, que quizá no estamos preparados para afrontar.
Yo, también, suelo hacer esos simulacros con palabras, en un cuaderno. Aunque a veces, lamentablemente, la vida te obliga a convertir esos simulacros, inofensivos y necesarios, en una dolorosa realidad.
Besos.
Sí, va por ahí la cosa. Los simulacros, como tu les llamas, son como ensayos de algo que puede convertirse en realidad si los vas perfeccionando por imposición de las circunstancias. Es decir, cuando sigues teniendo motivos para "simular". En el fondo, lo planeas porque lo quieres, puede ser que no de forma linear y absoluta, pero en cierta medida lo quieres, y con el paso del tiempo lo consumarás. Eventualmente.
O no, y se prolongará indefinidamente, como tantas situaciones profundamente insatisfactorias que se enquistan ante la pasividad de quien (o quienes) podrían darles solución. Ahí entra la valentía o el miedo de cada cual, la tendencia a tomar decisiones propias o a dejarse llevar por las decisiones de los demás... Como tú sueles decir: "es complicado" ;-)
Gracias por escucharme hoy.
Donde está el botón de "Me gusta"? ;)
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